Há um parentesco entre a aura da mãe e a do lactante. A criança tem uma aura fundamental própria, mas está absorvida ou impregnada pela da mãe.
Quando começa a crescer, produz-se um desprendimento das auras; mas assim como em um quarto, temperado pelo efeito de um aquecedor, mantém-se por um tempo determinado à mesma temperatura, mesmo depois de retirado o aquecedor dali, assim a aura da criança fica impregnada pelo magnetismo da aura da mãe, mesmo depois de ter acontecido a separação.
Até em caso de crianças órfãs, observa-se que o magnetismo materno se mantém muito tempo depois que a mãe deixou de existir. Assim como a serpente deixa na primavera sua velha pele para mostrar a nova que guardava oculta debaixo da velha vestidura, a criança, aos sete anos aproximadamente, ao ter seu reconhecimento
consciente de entidade individual, rejeita, como a uma velha casca, a vestidura protetora materna e, dentro das leis de carga ou descarga da aura, pode-se dizer que tem a sua própria.
Este período é, quase sempre, seguido do despertar dos instintos sexuais. Nesta idade, a aura não é muito extensa e predomina nela o aspecto energético e de saúde, com exceção de algumas crianças prodígios que tem aura de homem; mas isso não é normal, nem vantajoso para o adiantamento espiritual, pois o ser gasta assim, antes do tempo, as reservas de que necessitará na plenitude da consciência.
Na adolescência, a aura quase sempre tem aspectos maus. Assim como o vulcão que, depois de ter permanecido muitos séculos calado, lança repentinamente chamas, lavas e sórdidos ruídos, assim a aura do adolescente reflete as forças sepultadas no subconsciente, que se aglomeram na porta da alma para saírem de uma vez, atropelando-se umas sobre as outras em forma de desejos, paixões, instintos ignorados, plenitudes mórbidas e desconhecidas, que tornam as cores da aura ruins e
confusas.
Todo o passado se reflete nesses instantes na alma jovem e, dependendo de como sejam ordenadas e direcionadas essas forças, assim será o resultado e a vida do ser. Por conseguinte, a aura é então desordenada, variável e de cores fortes.
Quando passa este estado de transição e o jovem amadurecido se assenta, a aura firma suas cores e aspecto fundamental, segundo o estado de cada um.
Nesta circunstância se produz o que se chama: compreensão de auras. O ser tem um determinado caudal de energias para aplicar e não sabe como colocá-lo; por isso busca as almas gêmeas para alcançar seu fim. Que coisa mais formosa é a amizade dos anos juvenis, o primeiro amor, a compreensão e veneração a um mestre ou a um professor!
A aura fortemente impregnada de matéria energética se descarrega sobre a da pessoa amada ou venerada e se estabelece entre ambas uma mútua compreensão, que faz com elas se busquem continuamente e se atraiam como o imã ao aço. Quando há três destas auras afins, estabelece-se um vínculo de forças que atrai outras auras, encadeiam-nas, originando movimentos sociais, ideológicos, culturais etc.
Isto queria dizer Cristo com as palavras: “Porque onde estão dois ou três congregados em meu nome, ali estou em meio deles”. Não somente há auras que se compreendem, mas também as que se buscam por sua similitude. Isto quase sempre ocorre nos casos de marido e mulher, de mãe e filho, de instrutor e discípulo. As
auras similares, uma vez que tenham se encontrado, com o passar do tempo, ao compreender as mesmas coisas, ao ter os mesmos gostos artísticos e espirituais, vão se parecendo cada vez mais.
Esta transformação se acentua mais nos casos de similitude espiritual; ao aprender o que lhe ensina seu instrutor, o discípulo tem sua aura transformada e chega a parecer-se notavelmente à daquele. Francisco de Sales e Joana de Chantal tinham suas auras tão semelhantes que Vicente de Paula as viu como dois círculos de fogo que se uniam em um só. Em alguns casos, até o físico reflete esta semelhança de auras e se diz de dois esposos que se querem muito, que se parecem.
Na velhice a aura decresce notavelmente; assim como a noite vela com suas sombras todas as coisas, assim a missão cumprida atenua as energias, apaga os desejos, embaça a memória e a aura se tinge de um azulado uniforme e manso, que é como um presságio do descanso futuro.
Texto Original de Santiago Bovisio