Capítulo 2 – Introdução ao Culto de Brahman

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1:

Tendo ouvido as palavras da Devi, Shangkara, Outorgador da felicidade no mundo, Oceano imenso de misericórdia, falou deste modo da verdade das coisas.

Sadashiva disse:

2:

Oh, Gloriosíssima e Única Santa! Benfeitora do universo! Assim ele perguntou por Ti. Nunca anteriormente alguém fez uma pergunta tão auspiciosa.

3 – 6:

Tua és digna de todos os agradecimento, Quem conhece todos os justos, Benfeitora de todos os nascidos nesta Era, Oh, Única Amável! Tu és Onisciente. Tu conheces o passado, o presente, o futuro e o Dharmma. O que tens dito sobre o passado, o presente e o futuro, e, na verdade, todas as coisas, está em conformidade com o Dharmma e é a verdade e, sem dúvida, reconhecido por Mim. Oh, SureShvari! Digo-Vos mais verdadeiramente e sem dúvidas que todos os homens, sejam eles nascidos duas vezes ou das outras castas, afligidos por esta Era pecaminosa e incapazes de distinguir o puro do impuro, não irão obter pureza ou sucesso em seus fins pretendidos pelo ritual védico, ou no prescrito nos Sanghitas e Smritis.

Introdução ao Culto de Brahman

7:

Em verdade, em verdade, e mais uma vez verdadeiramente, digo-Vos que nesta Era não existe forma de libertação senão a proclamada pelo Agama.

8:

Eu, Oh, Única Bem-aventurada, já anunciei nos Vedas, Smritis e Puranas, que nesta Era o sábio deve adorar conforme a doutrina de Agama.

9:

Em verdade, em verdade, e mais uma vez verdadeiramente, digo-Vos que não há liberação para quem nesta Era negligencia esta doutrina, seguindo outras.

10:

Não Deus com exceção de Mim neste mundo, e Eu sozinho Sou Ele, Aquele que está descrito nos Vedas, Puranas, Smritis e Sanghitas.

11:

O Vedas e o Puranas proclama-Me como sendo a causa da pureza dos três mundos, e os que são contrários a Minha doutrina são incrédulos e pecadores, tão grandes como aqueles que matam um Brahmane.

12:

Por isso, Oh, Devi! O culto de quem não acata Meus preceitos é infrutífero, e, além disso, certamente vai para o inferno.

13:

O tolo que segue outra doutrina, negligenciando a Minha é como um grande pecador ou como assassinho de um Brahmane ou de uma mulher, ou de um parricídio, não tenho dúvida disso.

14:

Nesta Era os Mantras dos Tantras são eficazes, o rendimento dos frutos é imediato, e é auspicioso Japa, Yajna e todas essas práticas cerimoniais.

15:

Os Mantras e rituais Védicos que foram eficazes na Primeira Era, deixaram de ser no momento presente. Eles são agora tão ineficazes quanto as cobras cujo veneno é extraído de seus dentes e as fazem semelhantes ao que está morto.

16 – 17:

Todo o amontoado de outros Mantras não têm mais poder do que os órgãos dos sentidos de alguma imagem de uma fotografia na parede. O culto com a ajuda de outros Mantras como é coabitar com uma mulher estéril. O trabalho é perdido.

18:

Ele, que nesta Era procura salvação por meios prescritos por outros, é como um tolo sedento que cava um poço às margens de Jahnavi

19:

e quem, conhecendo Meu Dharmma, anseia por qualquer outro, é como quem com néctar em sua casa anseia pelo sumo do veneno da planta akanda.

20:

Não existe outro caminho para a salvação e a felicidade nesta vida ou que esteja por vir como o demonstrado nos Tantras.

21:

Da Minha boca foram emitidos os vários Tantras com suas lendas e práticas sagradas tanto para Siddhas quanto para Sadhakas.

22:

Às vezes, Oh, Minha Amada! Em virtude do grande número de homens de caráter pashu, como também da diversidade das qualificações dos homens, foi dito que o Dharmma falado nas Escrituras Kulachara deve ser mantido em segredo.

23 – 25:

Mas algumas partes desse Dharma, Oh, Amada! Foram revelados por Mim com o objetivo de predispor os homens a isso. Vários tipos de Devatas e adoradores foram mencionados nele, tais como Bhairava, Vetala, Vatuka, Nayika, Shaktas, Shaivas, Vaishnavas, Sauras, Ganapatyas e outros. Em ambos também são descritos vários Mantras e Yantras que ajudam os homens na realização do siddhi e que, embora demande grande e constante esforço, ainda assim o desejo rende frutos.

26:

Até agora Minha resposta foi dada conforme a natureza do casa e da pergunta, e somente para seu benefício pessoal.

27 – 28:

Ninguém nunca antes questionou-Me para o benefício da humanidade – ou melhor, em favor de tudo que respira, e também em tais promenores e com referência ao Dharmma de cada diferente Era. Por conseguinte, pela Minha afeição por Ti, Oh, Parvarti! Eu vou falar-Te da essência das essências e do Supremo.

29:

Oh, Deveshi! Irei narrar-Te antes a verdadeira essência destilada dos Vedas e dos Agamas e, em particular, dos Tantras.

30:


Os homens versados nos Tantras são outros homens, assim como o Jahnavi é para outros rios, assim como Eu Sou para todos os outros Devas, assim é o Mahanirvana Tantra para todos os outros Agamas.

31:

Oh, Única Auspiciosa! Quais são as vantagens dos Vedas, dos Puranas ou dos Shastras, uma vez que se tem conhecimento do grande Tantra e que se é Senhor de todos os Siddhis?

32:

Uma vez que Tens questionado-Me para o bem do mundo, vou falar-Te do que resultará em benefício do universo.

33:

Oh, Parameshavari! se o bem for feito ao universo, o Senhor ficará contente, uma vez que Ele é a sua alma, e isto depende Dele.

34:

Ele é Único. Ele é o Sempre-existente. Ele é a Verdade. Ele é a Suprema Unidade sem outro. Ele é Sempre-pleno e Auto-manifesto. Ele é Inteligência Eterna e Bem-aventurança.

35 – 36:

Ele é Imutável, Auto-existente e sempre o Mesmo, Sereno, acima de todos os atributos. E eis que Ele é a Testemunha de tudo que passa, Onipresente, a Alma de tudo que existe. Ele, o Eterno e Onipresente, está oculto e permeia todas as coisas. Não obstante em Si mesmo seja desprovido de sentido porque Ele é o iluminador de todos os sentidos e de suas faculdades.

37:

A Origem de todos os três mundos, Ele ainda existe além deles e da mente dos homens. Inefável e Onisciente, Ele conhece o universo, ainda que ninguém O conheça.

38 – 39:

Ele move este universo imcompreensível, e tudo o que tem movimento ou é imóvel nos três mundos depende Dele; e iluminado com a Sua Verdade, o mundo brilha como a própria Verdade. Nossa Origem também vem de Dele.

40:

Ele, Senhor Supremo, é a Causa de todos os seres, a Manifestação da Energia criativa da qual nos três mundos é chamado Brahma.

41 – 42:

Através de Deus Vishnu conserva e Eu destruo, Indra e todos os Devas Guardiãos do mundo dependem Dele e obedecem as regras nas respectivas regiões sob Seu comando. Tu és a Suprema Prakriti adorada nos três mundos.

43:

Cada um faz o seu trabalho pelo poder de Deus que existem em seu coração. Ninguém nunca é independente de Deus.

44:

Através do temor a Deus o Vento sopra, o Sol dá calor, as Nuvens despejam suas águas em chuvas oportunas e as Árvores na floresta se cobrem de flores.

45:

É Ele quem destroi o Tempo da Grande Dissolução, de Quem sempre a Morte e o próprio Medo tem medo. Ele é Bhagavan, Aquele que é conhecido como Yat Tat
no Vedanta.

46:

Oh, Adorado dos Devas! todos os Devas e Devis – ou melhor, todo o universo, de Brahma a uma lâmina de erva – são as suas formas.

47:

Se Ele estiver satisfeito, o Universo estará satisfeito. Se nada for feito para contentá-Lo, então a gratificação de todos é a causa.

48:

Como a absorção da água pelas raízes e caules de uma árvore satisfaz as necessidades das folhas e ramos, igualmente pela adoração a Ele todos os Imortais serão satisfeitos

49:

Assim como, Oh, Única Virtude! todas as Divindades são satisfeitas quando Tu és adorado e quando os homens meditam e praticam Japa e oram para Ti.

50:

Assim como todos os rios vão para o oceano, igualmente, Oh, Parvarti! todos os atos de adoração assim como Ele necessariamente atingem o objetivo final.

51:

Quem quer que seja o adorador e quem quer que seja o Devata, ele adora referencialmente por algum objetivo final. Tudo o que é dado a ele por meio da adoração ao Deva, vem de Deus como Supremo.

52:

Oh, o que eu mais posso dizer diante de Ti, Oh Minha Amada? Não existe nenhum outro com exceção Dele para meditar sobre, para rezar, para adorar, para a realização da liberação.

53 – 54:

Não há nenhuma necessidade de aborrecimento, abstinência, tortura do corpo, regras e cobranças a serem seguidas, fazer grandes oferendas; não há nenhuma necessidade de ser prudente quanto ao tempo, nem quanto ao Nyasa ou Mudra, por conseguinte, Oh, Kuleshani! quem se empenhará em procurar refúgio em outro lugar do que com Ele?

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