A consciência do Sagrado Feminino é uma jornada de resgate espiritual, um chamado da alma que ecoa silencioso sob os escombros de milênios de opressão e esquecimento. Durante séculos, vivemos sob o domínio de uma estrutura patriarcal que silenciou a voz da Deusa, exilando-a dos altares, dos livros sagrados, das práticas cotidianas. Mas o que foi reprimido, jamais foi extinto. A energia feminina — criadora, nutridora, cíclica e profundamente conectada à Terra — sempre esteve viva, latente nos sonhos, nos úteros, nas águas, nas florestas e no coração das mulheres e dos homens que anseiam por um mundo mais justo, sensível e sagrado.
A ferida patriarcal e o esquecimento da Mãe
A civilização ocidental construiu-se sobre o corte da ligação com o feminino. Como bem analisa a autora Clarissa Pinkola Estés, em Mulheres que Correm com os Lobos, as mulheres foram afastadas de sua natureza instintiva, de seus ciclos lunares e de sua força interior, passando a se ver com os olhos da dominação e da culpa. Esse esquecimento não foi apenas simbólico, mas estrutural: apagaram-se os cultos às Deusas, demonizaram-se os saberes femininos, interditaram-se os ritos ancestrais que celebravam o corpo, a Terra e a vida como sagrados. O patriarcado — sustentado por narrativas religiosas, políticas e filosóficas — promoveu uma cisão entre espírito e matéria, entre céu e terra, entre razão e intuição, entre homem e mulher.
A filósofa Mary Daly, em sua obra Além de Deus Pai, denuncia como a imagem de um Deus exclusivamente masculino contribuiu para a marginalização do feminino na espiritualidade. A Deusa, enquanto força imanente e integradora, foi suprimida em nome de um Deus transcendente, controlador e hierárquico. Essa mudança teve profundas consequências: não apenas moldou sociedades desiguais, como também comprometeu nossa relação com o planeta, culminando em uma crise ecológica, ética e espiritual.
O retorno à Deusa e a cura da alma coletiva
No entanto, há um movimento silencioso e crescente de retorno à Mãe. Mulheres e homens, em diversas partes do mundo, estão se reconectando com a espiritualidade da Terra, honrando os ciclos lunares, resgatando mitos, rituais e símbolos das tradições matrifocais. Livros como A Dança Cósmica das Feiticeiras, de Starhawk, e O Caminho da Deusa, de Jean Shinoda Bolen, mostram que o Sagrado Feminino não é apenas um conceito abstrato, mas uma prática viva, transformadora e urgente. É uma forma de espiritualidade que acolhe a vulnerabilidade, valoriza o cuidado, honra o corpo como templo e celebra a interdependência entre todos os seres.
Reverenciar o Sagrado Feminino é também curar as feridas da psique coletiva. Como afirma Riane Eisler em O Cálice e a Espada, é possível imaginar uma cultura baseada na parceria, não na dominação. Para isso, precisamos restaurar o equilíbrio entre o feminino e o masculino — não como opostos em guerra, mas como energias complementares que, em harmonia, podem gerar uma nova era de consciência planetária.
Semeando uma nova consciência
Essa nova consciência começa dentro de cada um de nós. Ao acolhermos o feminino em nossa alma — seja mulher, seja homem — abrimos espaço para uma escuta mais profunda, para um viver mais sensível e compassivo. Práticas como meditação, círculos de cura, rituais lunares, danças sagradas e a reconexão com a natureza são caminhos de retorno à Deusa interior. Não se trata de substituir um polo por outro, mas de reintegrar o que foi fragmentado, de unir céu e terra no coração.
A Deusa nunca nos abandonou. Ela pulsa nas águas, na terra fértil, no sangue menstrual, nas folhas que caem e renascem. Está presente em todas as formas de vida, nos sonhos esquecidos, na ternura dos encontros, na força das tempestades e no silêncio que antecede a criação. Ao voltarmos para Ela, voltamos para nós mesmos — inteiros, sensíveis e despertos.
Que cada passo seja uma oferenda de cura à Terra e a todos os seres. Que possamos, juntos, tecer a nova teia do sagrado.
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